O sujeito na contemporaneidade, de Joel Birman lido em conjunto com Bartleby, o escrivão e Sociedade do cansaço
Assumido como ponto de partida que o psiquismo humano está exposto a estímulos exteriores e precisa lidar com eles de algum modo, sob pena de prejuízo ao seu regular funcionamento, dentro da tradição psicanalítica é possível identificar como “trauma" aquele estímulo externo que se abate sobre o indivíduo com uma força tal que o aparelho psíquico não é capaz de elaborar a experiência em palavras e símbolos, de modo que o excesso assim constituído pelo estímulo passa a ser de difícil vazão, encontrando no corpo e na hiperatividade lugares privilegiados de descarga não verbal. Há, portanto, uma estreita relação entre linguagem e trauma; na contemporaneidade, o trauma ganha uma disseminação inaudita na medida em que a linguagem está em crise e as experiências são cada vez menos elaboradas em termos simbólicos. Muito embora os problemas psíquicos correntes na passagem do século XIX para o século XX não apresentassem exatamente a configuração atual, é certo que já ali se insin