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Mostrando postagens de maio, 2023

O Aleph, de Jorge Luis Borges - Emma Zunz, A Casa de Astérion e A Outra Morte

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Emma Zunz Emma Zunz começa com o recebimento pela protagonista homônima de uma carta na qual é dito expressamente que "o senhor Maier [seu pai, que morava no Brasil] ingerira por engano uma forte dose de Veronal e falecera". Segue-se a descrição do mal-estar sentido por Emma e logo no início do terceiro parágrafo já é dada a informação de que se tratava de um suicídio: o caminho percorrido pela personagem entre a afirmação de uma morte acidental e a convicção íntima do suicídio não é explicitado. O suicídio, por sua vez, une-se no interior de Emma à confissão que o pai lhe fizera de que Loewenthal, com quem trabalhava, era o ladrão, derivando dessa circunstância e do erro no reconhecimento do verdadeiro culpado a também relembrada série de infortúnios que acometeram o pai e o afastaram para longe. Loewenthal ainda mantém contato com Emma por ser um dos donos da fábrica onde trabalha. No quarto parágrafo, Emma vive a sexta-feira como de costume, trabalhando na fábrica e conve

Jorge Luis Borges, um escritor na periferia, de Beatriz Sarlo

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Ao ser convidada para ministrar uma série de conferências sobre Jorge Luis Borges na Universidade de Cambridge, nos anos 1990, a intelectual argentina Beatriz Sarlo se viu sob a contingência de ser uma compatriota do escritor num espaço que era alheio a ambos, mas no qual este era lido em função de sua universalidade evidente, em vez de algum elemento tipicamente nacional que pudesse apresentar. Sem negar que a obra de Borges de fato se presta a esse tipo de leitura, Sarlo propôs uma investigação de suas relações com o pano de fundo local a fim de demonstrar que há ali uma real influência das questões nacionais e que são elas determinantes para as formulações estéticas que depois contribuirão para caracterizar a própria universalidade: a diferença em relação a outros escritores - e o motivo do tom nacional não ser de imediato reconhecido - vem de que em Borges não há propriamente a representação de elementos nacionais para discutir a nacionalidade, mas antes a formulação de uma pergunt

Édipo Rei, de Sófocles comentado por Bernard Knox em Édipo em Tebas

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Édipo Rei, de Sófocles, é uma peça que parte do mito grego e avança pela cultura ocidental marcada por dois grandes leitores: Aristóteles, que em sua Poética indica a obra como exemplar dentro do contexto mais geral de considerações estéticas que formula; e Freud, que no século XX desenvolve um conceito fundamental para a então nascente Psicanálise justamente baseado na personagem homônima. A força desses três centros de irradiação - mito, Filosofia, Psicanálise - involuntariamente acaba tornando mais difícil o trabalho do intérprete que pretende percorrer outros caminhos de leitura; nesse sentido, a obra de Bernard Knox - Édipo em Tebas - surge como um marco importante. O que o estudioso faz é investigar a linguagem empregada por Sófocles em comparação com os usos que se fazia do grego de então em outros domínios da vida, tais como o Direito, a Medicina, a Matemática e a Filosofia, tudo de modo a demonstrar que o dramaturgo não se limitou a trabalhar o material mítico artisticamente,