A Peste, de Albert Camus

Desde que a editora Record passou a relançar as obras de Albert Camus com novo projeto gráfico, venho acumulando seus livros sem no entanto dar-lhes atenção. Fizera uma tentativa com O Homem Revoltado, mas desanimei no meio do caminho, não porque fosse ruim, e sim porque estava indisposto naquele momento a seguir, do princípio ao fim, o longo raciocínio filosófico que o autor desenvolvia. Nessa quarentena, contudo, vi-me estimulado a tentar novamente uma aproximação, desta vez pela via da ficção e do não mais do que óbvio A Peste. De fato, escolher A Peste como leitura neste momento foi, da minha parte, uma escolha clichê. Foi também uma escolha imbuída de certa hesitação, pois talvez não fosse o momento mais adequado para aprofundar a tensão já existente com um tema tão lúgubre por força da sua atualidade. Segui em frente, e não me arrependo de o ter feito. A leitura d’A Peste em plena pandemia do coronavírus é talvez uma oportunidade única para dar expressão não só literári...